UOL Brazil: Maestro e violinista, André Rieu esgota 18 shows em SP

[blockquote]Article by Thales de Menezes, UOL Brazil – Folha De S. Paulo[/blockquote]

“Pelé mora no Rio ou São Paulo?”. O repórter responde que é em Santos (SP). “Então poderíamos convidá-lo para um dos concertos…”, divaga André Rieu, olhando para fora da janela de seu castelo no interior da Holanda.

Maestro e virtuoso no violino, Rieu, 62, é assim. Pensa grande o tempo inteiro. Não confundir com megalomania. Na construção de um pequeno império que controla da pequena Maastricht, os passos são dados lentamente. Tanto que ele demorou a vir ao Brasil. Com sucesso mundial sólido nos últimos 20 anos, esperou até agora para desembarcar aqui. Mas vem de forma avassaladora.

Os três concertos no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, em maio, tiveram ingressos esgotados rapidamente. A produtora anunciou mais cinco datas, e os ingressos evaporaram. Foram marcadas mais cinco e…
Já são 18 shows, 16 deles com ingressos esgotados. São 8.000 espectadores por noite, ou seja, 144 mil pessoas no total. É mais do que o recente Lollapalooza Brasil, no Jockey Club. E mais concertos ainda podem acontecer.

“Eu sabia que esse público existia, ele comprava meus DVDs”, afirma Rieu. No caso dele, a conversa precisa ser sobre DVDs, e não sobre CDs. Porque o que importa, mais do que a música que ele toca, é como ele a apresenta. Rieu e sua Johann Strauss Orchestra (ele ama valsas, e Strauss é sua maior inspiração) oferecem uma noite de entretenimento em cima de repertório erudito. Ele diz que a ideia não veio de repente.

“Foi um processo. Meu pai era maestro, eu comecei no violino, era o garoto loiro e bonitão, tudo indo bem para o meu lado. Meu pai adorava valsas, e tocávamos todas.” A valsa está na raiz de seu sucesso. “Outras músicas eram executadas e todos assistiam sérios, compenetrados. Mas, quando era uma valsa, as pessoas sorriam, se movimentavam. Eu pensei que ali realmente podia ver a música unindo as pessoas.”

Primeiro Rieu quis mudar as coisas como protagonista. “Meu personagem no palco apareceu, era o garoto dourado, simpático e brincalhão. Daí veio a ideia de ter uma orquestra e a maneira diferente de fazer música clássica.”

UNANIMIDADE

Ele admite que não é unanimidade. “Claro, há os críticos que dizem que toco valsa porque é o que as pessoas gostam, é fácil. Ah, uma bobagem. Eu toco as músicas de que gosto 100%, só isso.”

Ele também rebate os comentários que dizem que seu jeito de se apresentar pode servir como porta de entrada para muita gente passar a gostar de música erudita.

“Não, não concordo, porque não vejo divisões entre o que eu faço e o que Madonna faz. Existe a música, que pode ser boa e pode ser má. Não acho que deva guiar as pessoas, apenas as divirto.”

Para os mais velhos, é possível dizer que ele é quase um Chacrinha do erudito. Toca excepcionalmente, dirige uma orquestra de primeira linha, mas quer mesmo é diversão nos concertos. Gente dançando, rindo de suas brincadeiras com a plateia.

Fora do palco, cuida pessoalmente de todos os detalhes. Há meses, enviou técnicos de som para testar o Ibirapuera e agentes de segurança para mapear os possíveis deslocamentos na cidade.

Nos DVDs, é fácil perceber que ele atinge em cheio uma audiência de avós. Mas só mesmo no primeiro concerto, no dia 29 de maio, será possível descobrir quem são esses mais de 140 mil fãs brasileiros do maestro fenômeno da Holanda.

Source: UOL Brazil